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Grandes mulheres na Antiguidade

“Desde nossos primeiros registros preservados no Reino Antigo, o status legal formal das mulheres egípcias - sejam solteiras, casadas, divorciadas ou viúvas - era quase idêntico ao dos homens egípcios”, observa a egiptóloga Janet Johnson ao comentar sobre a vivência das mulheres egípcias antigas.


No antigo Egito, por exemplo, as mulheres tinham o direito de trabalhar, direito a propriedade, irem ao tribunal, testemunharem, servirem em um júri e muito mais. Na vida privada, as mulheres tinham o direito de escolher seus parceiros, de casarem por amor, de estabelecerem acordos pré-nupciais e de se divorciarem.


Embora as mulheres tivessem o direito de exercerem qualquer profissão que desejassem, geralmente, os mais altos escalões da sociedade egípcia eram predominantemente masculinos. Apenas uma pequena minoria de escribas eram mulheres, por exemplo.


Uma figura que rompe com essa tendência é Hatshepsut (1508–1458 aC), uma mulher que declarou-se como a mais legítima governante do Egito, uma faraó. Ela referia-se a si mesma como "Senhora das Duas Terras".


Hatshepsut era filha do faraó, Tutmés I e esposa de outro seu meio-irmão, Tutmés II. Quando seu marido morreu em 1479 a.C e seu enteado, Tutmés III, foi nomeado herdeiro. Entretanto, Hatshepsut reivindicou o deus Amon como seu pai e disse que ele queria que ela tomasse conta do Egito.


Hatshepsut liderou por mais de vinte anos, o mais longo reinado feminino. Esse foi um tempo de paz e prosperidade para o Egito. Ao invés de enviar soldados para a guerra, ela os enviou para uma expedição comercial em Punt. A expedição retornou para o Egito carregada de ouro, marfim, mirra e uma coleção de animais exóticos, incluindo girafas. macacos e panteras. Isso aumentou significativamente sua reputação e popularidade.


Após a morte de Hatshepsut, Tutmés III, sucessor do trono, removeu todas as imagens de Hatshepsut e sua filha, Neferure, das paredes do templo mortuário da faraó. Felizmente, arqueólogos conseguiram recuperar ou encontrar grande parte das figuras originais do templo.


Uma curiosidade descoberta sobre Hatshepsut era que ela era retratada como um homem. Nas figuras, ela era colocada com feições masculinas e uma barba falsa, como podemos ver na imagem abaixo:


Para conhecer um pouco mais sobre a história de Hatshepsut, confira este vídeo do TED-Ed.


Continuamente no Egito, outra mulher que marcou a história é Cleópatra (69 a.C. - 30 a.C.). É notório que ainda nos dias atuais muitas lendas e mitos são relacionados à imagem da rainha egípcia, chamada de promíscua e perigosa pelas sociedades tradicionalmente conservadoras. Contudo, a imagem de Cleópatra reafirma e expõe o medo e a aversão à mulheres poderosas.


Fora das difamações envolvendo seu nome, a rainha, na verdade, era um exemplo de educação e conhecimento. Criada para governar, Cleópatra possuía a famosa Biblioteca de Alexandria e o museu no seu quintal. E ela cresceu nesse ambiente que exalava conhecimento.


Estima-se que a rainha egípcia falava cerca de 14 idiomas e tinha uma habilidade ímpar de comunicação. Quando adolescente se aprofundou nos estudos da retórica para aprimorar a maneira de discursar, por exemplo.


Cleópatra foi responsável por grandes feitos no Reino Ptolemaico do Egito. Um exemplo é a estabilização da economia, antes em crise por causa de seu irmão. Além disso, ela administrou a grande burocracia, controlou a corrupção dos sacerdotes e oficiais, garantiu a alimentação da população durante os períodos de estiagem. Cleópatra conseguiu manter a estabilidade do seu reino e a independência. Assim, ela governou sem revoltas até o último dia.


Para conhecer um pouco mais sobre a história da Cleópatra, confira este vídeo do TED-Ed.


Outra importante mulher da antiguidade é Agnodice, tida como uma das primeiras ginecologistas da história. Vivendo em 400 anos a.C, Agnodice enfrentou toda a cultura da Grécia desse período para estudar medicina, hábito que poderia sentenciá-la à morte. Tal fato, fez com que ela tivesse que exercer a medicina disfarçada de homem, pois uma mulher não podia ser vista nessa função.


Eventualmente capturada, ela foi a julgamento, e com o apoio de suas clientes, foi justificada e autorizada a continuar exercendo a medicina. Uma vitória importantíssima para as mulheres da época.



Para conhecer um pouco mais sobre a história de Agnodice, confira este linha do tempo da ONU Mulheres.


Já sabemos que o Egito foi berço de mulheres extremamente fortes. Além de Hatshepsut e Cleópatra, no país, mais precisamente, na cidade de Alexandria, nasceu Hipátia, considerada a primeira mulher matemática que se tem registro na história.


Abaixo, temos o retrato de Hipátia, feito por Jules Maurice Gaspard.



Hipátia nasceu por volta do ano 355, filha de Theon, um dos últimos diretores do Museu de Alexandria. Influenciada pelo pai, ela estudou poesia, artes, astronomia, religião e ciências exatas na Academia de Alexandria e, posteriormente, frequentou a escola neoplatônica em Atenas, na Grécia.


Hipátia desenvolveu estudos de aritmética em que pretendia unificar as ideias do pai da aritmética, Diofanto, com o neoplatonismo, doutrina que seguia os pensamentos de Platão. Se tornou professora de matemática e filosofia ao voltar para o Egito e realizou diversos trabalhos importantes, tanto na área de ciências exatas, quanto na filosofia e até na medicina. Posteriormente, se tornou diretora da Academia de Alexandria.


Infelizmente, muitas de suas obras e contribuições foram perdidas durante a destruição da Biblioteca de Alexandria. Mas muitos de seus feitos são reconhecidos por sua importância. Para conhecer um pouco mais sobre a história de Hipátia, vale a pena conhecer o livro brasileiro A História de Hipátia e de Muitas Outras Matemáticas.


Como mulher que revolucionou em seu tempo, sofreu com os machismos da sociedade em que vivia, Hipátia foi assassinada por defender o racionalismo científico grego.


Para conhecer um pouco mais sobre a história de Hipátia, confira este vídeo do TED-Ed.



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